FMP promove diálogo sobre gênero e assédio e firma convênio com projeto Bem-me-quer - FMP - Fundação Escola Superior do Ministério Público

No dia 1º de outubro, a FMP promoveu o evento “Diálogos sobre Perspectivas de Gênero”, que reuniu cinco palestrantes e marcou um momento de reflexão coletiva sobre assédio e violência de gênero. O encontro contou com a assinatura do convênio com o projeto Bem-me-quer, iniciativa que busca garantir atendimento humanizado e multidisciplinar às mulheres em situação de vulnerabilidade. Logo na abertura, a Dra. Josiane Superti Brasil Camejo destacou que esse momento representa um “marco de transformação” para a instituição, consolidando o espaço de diálogo responsável sobre gênero e assédio.

Durante as falas, foram apresentados dados que evidenciam a gravidade do problema. A Dra. Ivana Machado Battaglin expôs pesquisas que mostram que 60% das universitárias de todo Brasil já sentiram medo de sofrer violência dentro do ambiente acadêmico e que 67% relatam ter sofrido algum tipo de violência quando estimuladas a identificar situações em listas de condutas abusivas. Esses números, originários de levantamentos do Instituto Avon/Data Popular e do Instituto Patrícia Galvão, indicam a frequência desses casos e o quanto ainda é necessário conscientizar, nomear e dar visibilidade às práticas de assédio, muitas vezes naturalizadas como “piadas” ou “brincadeiras”.

A Dra. Alessandra Cunha apresentou o funcionamento das Centrais de Atendimento às Vítimas do Ministério Público do Rio Grande do Sul, hoje implementadas em oito cidades do estado. Essas estruturas têm como pilares a qualificação do atendimento, a articulação intersetorial, a conscientização social e o acolhimento humanizado. Segundo ela, o nome “Bem-me-quer” simboliza a sensibilidade necessária para equilibrar um sistema de justiça que, muitas vezes, oferece mais garantias a réus do que às vítimas. A apresentaçã

o também destacou indicadores já alcançados, como o aumento do número de vítimas atendidas, redução da revitimização e a consolidação de políticas institucionais.

Na etapa final, os alunos tiveram voz ativa. O estudante Thiago De Leon, presente na instituição desde 2018, ressaltou: “Eu sou um aluno antigo, estou aqui desde 2018, já vivi algumas crises na FMP. Hoje, a gente enxergou uma resposta institucional muito mais potente e que de fato consegue demonstrar para a sociedade de que a Fundação é uma instituição compromissada e que compreende a extensão desse problema”.

O encontro também foi marcado pelas reflexões da professora Raquel Sparremberger, que lembrou que ainda há muito a ser feito para mitigar a cultura do assédio e destacou a importância do novo código de ética com tolerância zero. Já a promotora Carla Souto reforçou que, em sua experiência de quase três décadas, a disparidade entre vítimas e agressores segue gritante, e que iniciativas como o Bem-me-quer são fundamentais para acolher e dar voz a quem sofre violência. Mais do que uma roda de conversa, o evento se transformou em um ato de bem-querer coletivo, que abre caminhos para uma nova cultura institucional e reforça o papel da FMP como referência no compromisso com a igualdade de gênero.

 

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